Ilma Sra.
Profa. Laura Laganá
Diretora Superintendente do CEETEPS
Prezada Senhora,
Não é de hoje que os rumos tomados pelo CEETEPS, no que se refere às políticas salariais, às barreiras impostas pela superintendência aos pleitos e reivindicações das unidades de ensino superior e a falta de qualquer forma de diálogo, têm gerado intenso descontentamento de toda a comunidade de professores, funcionários e estudantes. Este estado de coisas nos leva a crer que a greve liderada pelo SINTEPS desde 08 de agosto é um movimento justo, ressalvando-se que, a pauta da comunidade de ensino superior é mais abrangente do que a apresentada pelo SINTEPS e tem merecido discussão acalorada por parte de seus integrantes.
Ainda que a defasagem salarial, causada há muito por concessões gradativas e a morosidade da revisão do novo plano de carreira, seja uma realidade, a remuneração não é a principal preocupação da comunidade fatecana. Além desta, outras como a diminuição da procura de candidatos por determinados cursos de graduação e a consequente suspensão de vestibulares destes cursos têm gerado consternação e insegurança, e prejudicado sobremaneira o funcionamento de todas as unidades, direta ou indiretamente prejudicadas, por interromper o vestibular de cursos de qualidade, que contam com grande infraestrutura e qualificado corpo docente e cujos alunos formados têm sido bem sucedidos em suas vidas profissionais. A principal reivindicação das unidades de ensino superior é que o Centro Paula Souza interrompa este processo, empregando outras alternativas, como o ENEM por exemplo, assim como o fazem todas as instituições públicas de ensino superior do país, e, ainda, promova a participação da comunidade na discussão e definição de outros critérios que possam ser viáveis.
O processo mencionado acima combina de forma perniciosa dois fatores: a aparente deliberada negligência do CEETEPS na gestão dos concursos vestibulares e a adoção do equivocado critério de demandas para a suspensão do processo de admissão de estudantes.
No primeiro, o CEETEPS insiste em adotar um exame vestibular custoso para o candidato, além de pessimamente divulgado, como única fórmula para a seleção de estudantes, impedindo que sejam agregados novos e mais eficientes mecanismos de admissão, já utilizados com sucesso pela quase totalidade das instituições Brasil afora; no segundo, o curso cujo número de candidatos não atinge certa razão numérica – imposta por critérios não-transparentes, sazonais e arbitrários, as chamadas demandas – não pode ter seu vestibular oferecido no semestre. As consequências deletérias do segundo são decorrentes do primeiro, num círculo vicioso e carregado de injustiças, como o fato de determinados cursos terem vestibulares oferecidos mesmo com menor número de candidatos do que outros, cujos exames foram suspensos.
Propostas têm sido levadas há meses por docentes, gestores e órgãos de FATECs à Superintendência do CEETEPS, todas com o intuito de solucionar esta cadeia de problemas, mas, até o momento, sem resposta. Estas propostas visam a aprimorar e modernizar os métodos de seleção e admissão de estudantes e conferir a cada FATEC a prerrogativa de discutir com as instâncias superiores do Centro a manutenção ou suspensão deste ou daquele curso, respeitadas as especificidades e particularidades de cada unidade.
O silêncio do Centro Paula Souza frente aos pleitos das FATECs acaba por deixar claro o mecanismo pelo qual a expansão desenfreada do número de novas unidades por todo o Estado acaba sendo compensada pela suspensão de cursos, numa clara demonstração de inadequada gestão de recursos públicos, de falta de planejamento e de desrespeito a docentes, funcionários e estudantes. A comunidade fatecana repudia esta prática, que adquire contornos perversos, na medida em que afeta a vida de professores e funcionários e ainda prejudica o ensino e a pesquisa na instituição, inclusive gerando grande insegurança aos nossos alunos.
Há de se lembrar o importante papel das FATECs na formação de tecnólogos que contribuem para o desenvolvimento social, econômico e tecnológico do Estado de São Paulo, o que poderia conduzir V.Sa. a uma melhor reflexão acerca do exposto anteriormente.
Destarte, no aguardo de retorno por parte de V.Sa. para estas questões, enviamos nossas cordiais saudações esperando que, com a maior brevidade possível, possa ser estabelecido diálogo de forma solucionar a situação delicada que ora se apresenta e que poderá tomar rumos irreversíveis com sérios prejuízos a todos os envolvidos.
São Paulo, 11 de agosto de 2023
Profº Antonio Carlos Grecco
Presidente